quinta-feira, 5 de junho de 2008

Projeto Língua Portuguesa


Grupo: Sonho

Integrantes do Grupo:

Bárbara Leal

Bianca Cristina Araujo de Almeida

Carlos Victor de Oliveira

Marcos Lins

Sonia Maria Andrade Gomes

Valeria Nunes dos Santos

Em nosso caderno de Estudos procurei dar uma breve base teórica para, em seguida, discutirmos a prática pedagógica do Ensino da Língua Portuguesa.

Com isso, nas aulas 4 e 5, tivemos uma discussão mais prática que prolongamos em nosso espaço virtual da web ensino (fórum e chats) e aqui, em nosso blog, para reconhecermos as múltiplas possibilidades de mediação do professor, identificando as estratégias e as alternativas que, ao aproximarem o texto do leitor-ator , permitirão ao professor a realização de uma prática pedagógica significativa.

- Estratégia adequada?

- Pensamos que sim, as múltiplas estratégias de práticas de ensino da língua portuguesa, enriquecem a aprendizagem do aluno, tornando a aquisição de conhecimento mais prazerosa. Cabe ao professor, o papel de mediador das diversas possibilidades de atuação na construção do conhecimento.

- A Ciranda de Livros, O Reconto de Histórias, A Biblioteca Volante, A Produção de Textos e Atividades de Expressão Corporal, jogos (dominó ortográfico, fotografias, charges, quadrinhos), teatro(dramatização, fantoches), músicas, são algumas das diversas práticas que podem ser utilizadas para aprimorar a aprendizagem.

- Linguagem de Internet- YouTUBE

A Internet criou uma nova linguagem usada por milhares de pessoas, principalmente pré – adolescentes e jovens. Este dialeto se popularizou e chegou à tevê.

A rede Telecine estreou uma sessão com filmes legendados em "internetês": é a faixa Cyber Movie. A nova sessão atraiu a ira de vários telespectadores que não aprovaram a nova linguagem. Mesmo assim, a rede já garantiu a continuidade da programação.

Assista ao vídeo abaixo e, depois, teça um comentário, colocando-se a favor ou contra a iniciativa do canal de TV. Utilize argumentos de nosso material para fundamentar-se.

Comentário:

- Segundo Marilena Chauí no livro “Convite à Filosofia na pág.140”, a linguagem refere-se ao mundo através das significações, está relacionada com sentidos já existentes e cria novos sentidos, exprime e descobre significados e tem o poder de suscitar significações.

- Pensamos que a linguagem utilizada na internet é necessária para agilizar o diálogo virtual, mas consideramos que a utilização desta linguagem na TV ou em Filmes pode ser perigosa, pois caracteriza o empobrecimento da língua portuguesa, acarretando conflito no ensino aprendizado das crianças, que provavelmente, ainda não apresentam discernimento do momento adequado para a sua utilização.

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A intertextualidade
e o ensino de Língua Portuguesa

Renata da Silva de Barcellos
(C.E.Ten. Otavio Pinheiro)

O texto e o ensino de Língua Portuguesa

Primeiramente, faz-se necessário dizer que, neste trabalho, texto é entendido como “toda unidade de produção de linguagem situada, acabada e auto-suficiente do ponto de vista da ação ou da comunicação” (Bronckart, 1999). O texto é o elemento básico com que devemos trabalhar no processo de ensino de qualquer disciplina. É através do texto que o usuário da língua desenvolve a sua capacidade de organizar o pensamento/conhecimento e de transmitir idéias, informações, opiniões em situações comunicativas.

Pode-se dizer assim que, sobretudo, no ensino de língua portuguesa, os constantes desafios encontrados pelo professor são: compreender o texto como um produto histórico-social, relacioná-lo a outros textos já lidos e/ou ouvidos e admitir a multiplicidade de leituras por ele suscitadas.

Tal entendimento do que seja texto evidencia a necessidade de trabalhar, em sala de aula, com vários gêneros textuais, usados em diferentes situações e com objetivos diversos: construir e desconstruir esses textos, ressaltando os efeitos provocados pelas alterações, criar intertextos, verificar o gênero textual e modificá-lo etc. Portanto, para realizar esse tipo de trabalho com a língua portuguesa, o professor precisa ter consciência da diferença entre saber usar uma língua, adequando-a convenientemente a contextos e saber analisá-la, tendo conhecimento de conceitos sobre sua estrutura e funcionamento e a nomenclatura gramatical pertinente.

Atualmente, a escola enfatiza o trabalho da leitura e da produção de textos, tentando equilibrá-lo com a análise das estruturas da língua e com seu uso. Dessa forma, através da interação com vários gêneros textuais e o intertexto presente neles, o professor pode investigar a experiência anterior do aluno enquanto leitor de palavras e de mundo e seguir pistas deixadas pelo autor no texto para considerar também o implícito, inferindo, assim as intenções do autor.

Então, o aluno, por sua vez, desempenha ora o papel de leitor, ora o papel de produtor de textos, ou seja, aquele que pode ser entendido pelos textos que produz e que o constituem como ser humano.

A intertextualidade

O processo ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa deve basear-se assim em propostas interativas a fim de promover o desenvolvimento do indivíduo numa dimensão integral. Portanto, nessa perspectiva, o trabalho do professor é, dentre outros, desenvolver no aluno a capacidade de identificar um intertexto. . A intertextualidade é “um fenômeno constitutivo da produção do sentido e pode-se dar entre textos expressos por diferentes linguagens” (Silva, 2002). O professor deve, então, investir na idéia de que todo texto é o resultado de outros textos. Isso significa dizer que não são “puros”, pois a palavra é dialógica. Quando se diz algo num texto, é dito em resposta a outro algo que já foi dito em outros textos. Dessa forma, um texto é sempre oriundo de outros textos orais ou escritos. Por isso, é imprescindível que o professor leve o aluno a perceber isso.

Assim, a utilização da intertextualidade deve servir para o professor não só conscientizar os alunos quanto à existência desse recurso como também utilizar um modo mais criativo de verificar a capacidade dos alunos de relacionarem textos.

A intertextualidade ocorre em diversas áreas do conhecimento. Eis abaixo algumas delas:

A literatura: por exemplo, entre Casimiro de Abreu “Meus oito anos” e Oswald de Andrade “Meus oito anos”. Aquele foi escrito no século XIX e este foi escrito no século XX. Portanto, o 2 texto cita o 1, estabelecendo com ele uma relação intertextual.

Meus oito anos Oh! Que saudade que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais Que amor, que sonhos, que flores Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras Debaixo dos laranjas! Casimiro de Abreu

Meus oito anos Oh! Que saudade que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais Naquele quintal de terra Da rua São Antônio Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjais! Oswald Andrade














A pintura: o quadro do pintor barroco italiano Caravaggio e a fotografia da americana Cindy Sherman, na qual quem posa é ela mesma. O quadro de Caravaggio foi pintado no final do século XVI, já o trabalho fotográfico de Cindy Sherman foi produzido quase quatrocentos anos depois do quadro. Na foto, ela recria o mesmo ambiente e a mesma atmosfera sensual da pintura, reunindo um conjunto de elementos: a coroa de flores na cabeça, o contraste entre claro e o escuro, a sensualidade do ombro nu etc. A foto de Sherman é uma recriação do quadro de Caravaggio. Aquela, explícita e intencionalmente, cita este ao manter quase todos os elementos do quadro original.

O jornalismo: - a publicidade - um dos anúncios do Bom Bril em que o ator se veste e se posiciona como se fosse a Mona Lisa de Da Vinci e cujo enunciado-slogan é “Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima” Esse enunciado sugere ao leitor que o produto anunciado deixa a roupa bem macia e perfumada, ou seja, uma verdadeira obra-prima (se referindo ao quadro de Da Vinci).

Quanto à intertextualidade na publicidade, pode-se dizer que ela assume a função não só de persuadir o leitor como também de difundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, escultura, literatura etc). Assim, quando há a utilização deste recurso, boa parte do efeito de uma propaganda ou do título de uma reportagem é proveniente da referência feita a textos pré-existentes. Esses textos ora são retomados de forma direta, ora de forma indireta, levando o destinatário a reconhecer no enunciado o texto citado. (Portanto, segundo Almeida, pode tratar-se da citação tanto de um enunciado cuja autoria é reconhecida (Os documentos são “imexíveis) usando o neologismo criado pelo ministro do trabalho Magri “imexível”); quanto de um enunciado anônimo pertencente ao patrimônio social (um político) diz: “Se Lincoln fosse vivo, ele estaria rolando no túmulo”, fazendo alusão a este enunciado “Fulano deve estar rolando no túmulo” cujo valor é de descontentamento.

Intertextualidade
uma proposta de classificação

Apresentaremos a seguir uma proposta de classificação de intertextos com base no corpus selecionado a fim de trabalhá-lo em sala de aula de Português e de Literatura.

Clichê: é o enunciado que se transformou em uma unidade lingüística estereotipada por ser muito proferido pelas pessoas. Num jornal sobre esportes foi criada uma charge com o enunciado: “Por trás de todo grande time há um grande treinador”. Tal enunciado remete a outro pertencente ao patrimônio social “Por trás de todo grande homem há uma grande mulher”. O enunciado do jornal, na época, pretendia elogiar a conduta do treinador pelo fato do time Vasco ter ganhado o campeonato.

Outro exemplo destacado foi o da publicidade do Sesi a respeito de um concurso de empresas sobre a qualidade no trabalho. O slogan da publicidade era: “Se o trabalho dignifica o homem, o trabalho em equipe o torna um vencedor”. Observa-se que a partir de um clichê “O trabalho dignifica o homem”, utilizado numa estrutura com valor condicional “Se o trabalho...”, ressalta-se em seguida a importância do trabalho em equipe “...o trabalho em equipe o torna um vencedor”.

Proverbial: é um enunciado popular que expressa de forma sucinta uma mensagem. O título de uma reportagem sobre funcionários e ações trabalhistas: “Depois do suor, o desamparo” que remete ao provérbio “Depois da tempestade vem a bonança”. Sendo que ao contrário desse (depois dos fatos negativos vem o positivo), o título da reportagem sugere que depois de todo esforço “suor”, os funcionários não obtiveram o que almejavam: o reconhecimento. Foram vítimas do desemprego “desamparo”.

Palavrão: é o enunciado que apresenta uma palavra grosseira ou obscena. O jornalista Agamenon, responsável por uma matéria do Segundo Caderno do jornal O Dia, cuja característica é o humor, nomeou uma de suas matérias de Cuba se Fidel. No mesmo, observa-se a alusão ao palavrão “se foder” e um jogo entre este e o nome do presidente de Cuba, Fidel Castro, por causa da semelhança fonética “Fidel e fodeu”.

Bíblico: quando o enunciado menciona uma passagem da Bíblia. O título de uma reportagem sobre o turismo na Ilha Grande “A fé move turistas nas trilhas da Ilha Grande” se referindo à passagem bíblica que diz: “A fé move montanha”.

Literário: quando o enunciado se refere a verso(s), a passagem (ns) ou a título (s) de obra.

- Exemplo de título de obra: A publicidade da marca Ceramidas usa como slogan o seguinte enunciado: “Dona flor e seus dois produtos”, que, por sua vez, se reporta a uma das obras de Jorge Amado intitulada Dona flor e seus dois maridos. Observa-se assim que na publicidade Dona Flor é representada pela marca Ceramidas e os dois produtos pelo xampu e pelo condicionador.

Uma matéria da revista Isto é intitulada: “E o vento levou” sobre produtos de cabelo é o título de uma obra de Margaret Mitchell. Essa matéria mostra como os produtos mencionados deixam os cabelos leves e soltos.

- Exemplo de verso: O título de uma reportagem: “Infinito, mas enquanto durou” se referindo ao verso de Vinícius de Moraes “que seja infinito enquanto dure” que, por sua vez, faz alusão ao pensamento de Sofocleto: “O amor é eterno enquanto dura”.

Musical: quando a letra de uma música se reporta a outra letra já existente. Num trecho do rap Sem saúde de Gabriel O Pensador, o compositor diz: “... me cansei de lero-lero / dá licença mas eu vou sair do sério...” mencionando uma das músicas de Rita Lee.

Comentário:

O artigo que escolhemos revela-se extremamente interessante para o professor de Português por tratar da idéia de textos serem criados, a partir de outros textos e como usá-los para compor uma instigante aula e conseguir que nossos alunos possam refletir que um texto dialoga com outro texto.

Observa-se que tudo que ouvimos ou lemos nos remete a algo previamente “escrito, dito, lido, pintado, cantado,....

As obras de caráter científico remetem explicitamente a autores reconhecidos, garantindo, assim, a veracidade das informações. Nossas conversas são repletas de alusões a inúmeras considerações armazenadas em nossas mentes. O jornal traz referências já supostamente conhecidas pelo leitor. A leitura de um romance, de um conto, novela, enfim, de qualquer obra literária, nos aponta para outras obras, muitas vezes de forma implícita.
A nossa compreensão de textos (considerados aqui da forma mais abrangente) muito dependerá da nossa experiência de vida, das nossas leituras.

Determinadas obras só se revelam através do conhecimento de outras. Ao visitar um museu, por exemplo, o nosso conhecimento prévio muito nos auxilia ao nos depararmos com certas obras.

Acreditamos então que quanto mais expusermos nossos alunos aos diferentes tipos de textos, estaremos desenvolvendo a capacidade destes de compreender e se aventurar no mundo da leitura. O professor de Português tem todos os instrumentos necessários para motivar seus alunos nesta jornada. A compreensão da intertextualidade é um bom começo. E já que clichê também vale: “Todo caminho leva a Roma, os textos nos levam ao mundo todo.”

Ao apresentar a leitura de imagens, é imprescindível que se perceba os “detalhes” e de que maneira elas dialogam entre si.

Lygia Bojunga Nunes
LIVRO: a troca

Prá mim, livro é vida; desde muito pequena os livros me deram casa e comida.
Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo; em pé fazia parede; deitado, fazia degrau de escada;
inclinado, encostava num outro e fazia telhado.
E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá dentro prá brincar de morar em livro.
De casa em casa eu fui descobrindo o mundo (de tanto olhar prás paredes).
Primeiro, olhando desenhos; depois, decifrando palavras.
Fui crescendo; e derrubei telhados com a cabeça.
Mas fui pegando intimidade com as palavras.
E quanto mais íntimas a gente ficava, menos eu ia me lembrando de consertar o telhado ou de construir novas casas.
Só por causa de uma razão: o livro agora alimentava a minha imaginação.
Todo dia a minha imaginação comia, comia e comia;
e de barriga assim cheia me levava prá morar no mundo inteiro: iglu, cabana, palácio, arranha-céu,
era só escolher e pronto, o livro me dava.
Foi assim que, devagarinho, me habituei com essa troca tão gostosa que
- no meu jeito de ver as coisas -
é a troca da própria vida; quanto mais eu buscava no livro, mais ele me dava.
Mas como a gente tem mania de sempre querer mais,
eu cismei de um dia alargar a troca: comecei a fabricar tijolo prá - em algum lugar -
uma criança juntar com outros e levatar a casa onde ela vai morar.


2 comentários:

Avida disse...

Comentário Grupo Força(Andreia).

Muito bom o trabalho de vocês!!
Esse blog me fez viajar sobre diferentes e prazerosas aulas que imaginei ministrar um dia.
Pretensão,heim!!Brincadeirinha...
É sério,para trabalhar as diferentes formas de linguagem, a intertextualidade fornece um material vasto ,diversificado, consciente e que faz parte do cotidiano dos alunos.
E lendo os textos e comentários do grupo , me lembrei da frase "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, de Lavoisier, que se tornou um dito popular, " Na vida nada se cria, tudo se copia".
Parabéns!!

Unknown disse...

Parabéns pelo trabalho.É muito bom quando os trabalhos servem aos educadores e aos educandos, pois é preciso antes mobilizar e sensibilizar o educador para a possibilidade de uma boa aula.